No mês da mulher, aproveito para lançar um artigo que achei super importante e informativo, onde lembra o nome de mulheres que contribuíram e muito para o Jiu jitsu feminino!
É um artigo que vi no
www.bjjheroes.com, e achei muito legal estar repassando para vocês.
O
jiu jitsu enquanto arte marcial, pode ser rastreado até centenas de anos atrás por toda a Índia, China e Japão, mas embora haja uma ligação entre as técnicas que vemos hoje nos campeonatos de ‘BJJ’ e os estilos de luta orientais de séculos passados, as culturas das quais elas evoluíram foram tão distantes fisicamente quanto ideologicamente. No Brasil não houve altruísmo, durante a década de 1920 a
família Gracie colocava desafios em jornais desafiando todos os outros estilos de luta, a fim de testarem a sua eficiência, mas acima de tudo para vencer, para provar que eram melhores na porrada, para provar quem era o verdadeiro macho, essa foi uma forma de encarar as artes marciais latina, não uma conduta de bushido.
Embora houvesse algumas mulheres, vistas em esporádicos vídeos de defesa pessoal durante os anos 1930 e 1940, a nenhuma terá sido permitido seguir a vida de lutadora. A prova disso é o fato de que o jiu jitsu se tornou um esporte regulamentado no Brasil em 1970, mas demorou mais de 15 anos a abrir uma categoria feminina, o que em última análise, aconteceu graças aos esforços heróicos de um tipo muito especial de mulher, uma mulher chamada Yvone Duarte.
Este artigo aqui apresentado, mostra algumas das personalidades mais importantes que tivemos no nosso esporte, mulheres como Yvone, que ajudaram a estabelecer o jiu jitsu como um dos principais estilos de combate o mundo, um esporte que rompe com tabus, medos e limitações.

Yvone carregava consigo o espírito da década de 1970. Irmã de um dos melhores lutadores da década de 80 (Pascoal Duarte), Yvone se tornou obcecada com o jiu jitsu, treinando do lado de seu irmão na academia de Osvaldo Alves. Embora muitos considerem que a maior conquista de Yvone no jiu jitsu tenha sido a de se ser a primeira mulher a ser graduada com uma faixa preta (1990), a sua contribuição para o esporte superou amplamente essa conquista.
Tendo praticado vários esportes competitivamente enquanto criança e adolescente, Yvone precisava se testar, foi essa vontade que a levou a porta de tudo o que era gente ligada ao jiu jitsu, pedindo uma categoria feminina no esporte. Através das conexões de seu irmão e de sua vontade indomável, Duarte conseguiu convencer a federação do Rio de Janeiro (FJJERJ) a abrir a primeira categoria feminina, tendo a primeira competição sido realizada em 1985, uma competição vencida por Yvone.
Yvone, contudo, não parou por aqui, ela também se tornou numa professora de alto nível e pioneira nesse ramo também, tendo aberto a sua própria academia no final da década de 1980, se tornando na primeira mulher a abrir uma academia de Jiu-Jitsu.
.Rosângela Conceição

Rosângela Conceição, também conhecida como “Zanza”, pode não ser um nome tão conhecido como alguns dos outros numerados nessa matéria, mas ela fará para sempre parte da história do esporte, tendo ganho o seu primeiro título mundial feminino (1998).
Antes de seu título mundial, Zanza era uma figura bem conhecida no judô. Talvez buscando melhorar o seu trabalho de chão (newaza) para o esporte olímpico ela tenha começado a treinar Jiu-Jitsu, e logo na famosa Gama Filho (atualmente GFTeam) uma das melhores equipes da época. Com uma capacidade física acima da média, Rosângela rapidamente se estabeleceu no esporte, conquistando o épico título mundial de faixa-roxa numa categoria conjunta (todas as faixas).
Infelizmente para o nosso esporte, Rosângela Conceição favoreceu o judô sobre jiu jitsu, defendendo inclusivamente as cores do Brasil nos Jogos Olímpicos de Verão de 2000. Sempre buscando diferentes emoções, em 2003, Conceição começou fazendo wrestling (luta livre Olímpica), tornando-se rapidamente numa das maiores lutadoras da América do Sul. Em 2007, Rosângela fez o impensável, conquistando a primeira medalha Brasileira de sempre no ‘freestyle wrestling’ nos Jogos Pan-Americanos, tendo também competido nos Olímpicos de Pequim.

Com uma ética de trabalho impecável, Leka chegou no topo do jiu jitsu, sendo um exemplo de técnica e perseverança do final de 1990 ao início de 2000. Nascida num lugar com pouca história no jiu jitsu (até então), a menina de Minas Gerais se tornou na primeira estrela de Jiu-Jitsu feminino, um estatuto que lhe permitiu se mudar para os Estados Unidos em 2001, onde serviu de inspiração para muitas outras mulheres norte-americanas, incluindo sua aluna Cindy Omatsu que foi a primeira atleta não Brasileira a ser graduada de faixa preta.
No processo de graduação de Omatsu, Leka se tornou também a primeira mulher a atribuir de uma faixa preta (a graduação foi entregue em parceria com Rigan Machado). Sofrendo de várias lesões graves ao longo das muitas lutas que fez, a carreira de Leka teve de parar antecipadamente, mas mesmo com uma carreira um pouco mais curta do que a de muitas outras, Vieira fez história sendo um dos maiores nomes do jiu jitsu.

Letícia Ribeiro se tornou um ícone para todas as competidoras, a cara do jiu-jitsu feminino, ao longo de 10 anos. Durante a década de 2000, Letícia conseguiu também uma transição suave entre as funções de lutadora e professora, alcançando o melhor das duas facetas do esporte. Como professora, Ribeiro é considerada uma das melhores do mundo inteiro, e o seu ‘training camp’ em San Diego na California é sem dúvida alguma um dos melhores lugares de preparação para mulheres, sendo procurado por muitas das melhores atletas da atualidade, atletas como Bia Mesquita, Michelle Tavares, Mackenzie Dern, Penny Thomas entre outras.

Como seria possível fazer haver uma lista de personalidades importantes no jiu jitsu sem haver um membro da família Gracie? Mas não se engane, o sobrenome de Kyra não lhe ganhou os inúmeros títulos e medalhas que detêm, talento e trabalho duro o fizeram.
Embora Kyra tivesse nascido com o sobrenome Gracie, se tornar uma atleta profissional de jiu jitsu não foi tão fácil como você poderia imaginar. Vindo de uma família de lutadores homens, os mesmos que mencionamos no primeiro parágrafo desta peça, Kyra teve que quebrar alguns tabus dentro de sua própria casa antes de se tornar a figura mais reconhecida do jiu jitsu feminino.
Com um cartel de lutas verdadeiramente impressionante, com o sobrenome da Gracie, uma beleza natural e uma personalidade carismática, Kyra tinha o pacote completo para se tornar uma embaixadora do esporte a todos os níveis, e Kyra não decepcionou, especialmente na mídia, onde ajudou a sensibilizar o público não só para a categoria feminina do jiu jitsu, mas para o esporte em si.
.Hannette Staack

Nascida no estado remoto de Maranhão e de origem humilde, Hannette se tornou num exemplo para todas as jovens competidoras, mostrando que uma boa ética de trabalho e um comportamento modesto são a melhor formula para obter sucesso no jiu jitsu e na vida. Uma especialista do jiu jitsu sem floreado, Staack é reconhecida como uma das lendas do esporte e um defensora dos princípios básicos do jiu jitsu, o que lhe renderam sete títulos mundiais e três títulos do ADCC.
A equipe Brasil 021, que Staack fundou em parceria com André Terêncio e Carlos Henrique é também conhecida pelo seu trabalho em áreas carentes do Rio de Janeiro.

Seu talento foi descoberto por Robert Drysdale, mas Nicolini terá verdadeiramente desabrochado para o jiu jitsu, se tornando na melhor lutadora de sua geração, sob a direção de Rodrigo Cavaca, tendo ganho títulos mundiais seqüenciais de 2010 a 2014 na equipe Checkmat (o último dos quais sem a participação de Cavaca).
Michelle Nicoloni não é apenas uma recordista de títulos mundiais na categoria feminina, mas também uma das atletas mais finalizadoras da historia do jiu jitsu. Nicolini se tornou ainda em sinônimo de criatividade, tendo desenvolvido várias mudanças na guarda.

Gabrielle Garcia é atualmente para o jiu Jisu feminino o que Aleksandr Karelin foi para a luta greco-romana na década de 1990. Um verdadeiro rolo compressor na categoria absoluto, tendo 1,88m e mais de 100kg, Garcia tinha a vantagem física sobre a maioria das competidoras, mas foi a sua ética de trabalho que colocou Gabi no pódio do jiu jitsu.
Gabrielle tem pulverizado adversárias nos últimos anos, sendo provavelmente a mais reconhecida personalidade da academia Alliance, um pequeno ato em si, considerando que Alliance é a equipe mais bem sucedida na história do jiu jitsu.
.Laurence Cousin

Outra figura inspiradora do esporte é Laurence Cousin, a primeira mulher faixa preta da Europa foi também a segunda pessoa estrangeira a conquistar um título mundial na faixa-preta (2007), tendo a primeira sido o Havaiano BJ Penn.
Cousin dedicou sua vida às artes marciais, sendo faixa preta em Aikido também, mas foi no jiu jitsu que encontrou sua verdadeira vocação, ainda competindo regularmente sete anos depois ter conquistado o título mundial.
.Epílogo
Se jiu-jitsu no Brasil foi construído nas costas dos homens inquebráveis que viam o jiu jitsu como a melhor forma de se testarem, as mulheres no jiu jitsu parecem ter seguido um caminho semelhante, quebrando continuamente barreiras e moldes através de sua perseverança, uniao e capacidade técnica. Um exemplo de perseverança das mulheres e sua capacidade de liderar neste esporte veio através da famosa proibição da hijab (proteção na cabeca) um assunto controverso e bastante debatido, imposto pela IBJJF (International Brazilian Jiu Jitsu Federation).
Esta regra, deixou uma grande parte das mulheres muçulmanas fora dos principais torneios devido as suas crenças religiosas, onde o ‘hijab’ é necessário o tempo todo. Foi graças aos esforços da faixa preta Caroline de Lazzer que a regra foi retirada dos estatutos da IBJJF. Caroline liderou um movimento que fez bastante pressão contra essa regra, conseguindo em 2014 a abolição da mesma, um passo importante para o jiu jitsu que é um esporte grande nos Emirados Árabes Unidos.
Mulheres como as representadas nesta peça têm provado continuamente, que no jiu jitsu não existe sexo fraco, apenas uma poderosa arte marcial.
Fonte:
www.bjjheroes.com